Sábado passado eu estava no carro com as minhas duas irmãs,
de 3 e 8 anos, quando buzinei para um carro que saia da garagem sem olhar o
movimento. Como elas riram, e a carona era curta, buzinei mais várias vezes
durante o percurso. Cumprimentamos a lua, todos os cachorros pelos quais
cruzamos, buzinamos para os carros estacionados, e para tudo o que se mexia –
como moramos em um bairro sem trânsito algum, não estávamos atrapalhando
ninguém. Depois de um tempo, a Helena me olhou e disse. “Ai mana, chega, que
vergonha!”. Eu logo arregalei os olhos. “Vergonha de quê?”. “Tá todo mundo nos
olhando, né?”. Não. Claro que não estava todo mundo nos olhando já que
estávamos dentro de um carro com insulfim, numa rua sem movimento algum. Mas eu
também já pensei assim.