Precisei recolher minhas partes que andavam perdidas
em uma estrada dividida por duas cidades. Precisei aprender a conviver com a
saudade e entender a companhia que me esperava todos os dias depois do
trabalho. Precisei mergulhar no luxo e na solidão de uma casa onde não havia
mais ninguém além de mim mesma. Entendi o que se esconde naquele barulho bom de
ouvir, de casa cheia. E por isso, sozinha, liguei a TV todas as vezes que
cheguei em casa. Chorei por coisas fáceis de serem solucionadas. Abri gavetas
para sangrar feridas que não tinha ideia que continuavam abertas.