29 de agosto de 2012

Bem vindo a mim


Acho que você deve entender bem meu jeito, pelo menos espero. Eu sou assim, me mostro rápido, mas aos poucos. Vou indo em partes, de forma intensa, e em breve, se você for um bom observador, já deverá saber como eu reagiria a determinada situação. Eu não tenho um gênio do cão, eu não sou totalmente incompreensível mas, às vezes, eu espero dos outros mais do que eles estão dispostos a dar. E por isso, uma vez ou outra, você pode me ver chateada. Depois passa. E passa mesmo. Eu sou assim, se perdoei tá perdoado. Jamais vou voltar a falar sobre fraquezas se passei por cima delas. Aprendi muito cedo que todo mundo merece uma nova chance. Mas também não pense que me magoará duas vezes sem que eu rompa com o laço, seja ele qual for, que me ligue a você.
Eu sorrio bastante. Muito mais do que choro. Mas eu também não pago imposto pra chorar, e, na maioria das vezes, o motivo do choro não é tristeza; é vazio, ou medo, ou saudade.
Eu adoro escrever, adoro comer, adoro dormir. Adoro dia de sol, ficar na rua, caminhar, ir a praia, pegar sol, tomar chimarrão. Adoro dia de chuva, coberta, filme, lareira, companhia. Adoro calor e adoro frio.
Adquiri uma qualidade de reunir as pessoas e de mantê-las que não quero perder nunca. Estar perto dos outros é estar bem mais perto de mim, é ouvir novidades sobre o que já fiz, e planejar um futuro que quero ter, bem recheado de pessoas que eu amo. Eu adoro praia, adoro cachorro, odeio rato, adoro rua. Eu sei me maquiar, sei me arrumar, mas, na maioria das vezes, eu desejo estar confortável, muito mais do que bonita.
Eu gosto de elogios estéticos, mas muitas vezes, eles fazem com que eu me afaste. Então diga apenas que gosta da minha companhia e de estar ao meu lado. Mais ainda: diga que eu te faço feliz, e aí sim, você vai me elogiar. Tente seguir perto de mim quando eu insistir pra que você me deixe em paz. Eu até gosto de ficar sozinha, mas não de estar sozinha. E eu realmente me adapto muito facilmente a novas situações, então, se você me deixar quando eu ficar triste, vou me acostumar a não te ter do meu lado e, com o tempo, provavelmente, vou preferir ficar sozinha quando estiver triste, o que vai me fazer querer ficar sozinha quando estiver cansada, e quando estiver irritada, e quando estiver aliviada, até que vou preferir ficar sozinha quando estiver feliz, e isso me fará ver que ter alguém, só pra dizer que tenho realmente não é algo que eu considere importante.
Eu adoro ser feliz. Adoro o jeito como consigo me divertir das minhas próprias piadas, das minhas próprias incomodações e do meu próprio sufoco. Então não abafe o meu riso e faça o favor de sorrir comigo. Pesquisas comprovam: casais que sorriem juntos, tendem a sorrir juntos para o resto da vida. E isso faz todo o sentido para mim.
Eu não gosto de inveja, não gosto de intriga e odeio mentira. Nunca desejei mal a outras pessoas e pensei que, agindo assim, já seria o suficiente para que não desejassem o mal para mim (e para garantir meu lugar no céu, óbvio), mas já vi que não. Eu ando no meu ritmo, eu escolho o meu caminho e as pessoas que quero que façam parte dele.
O espaço é todo seu, o coração está aberto e os braços estendidos para que você possa me conhecer, e para que com o tempo, possa se aproximar. Espero que goste do que vai encontrar aqui. Espero que as expectativas não tenham sido tão fortes e que eu não te decepcione. Eu estou aqui, agora, livre pra viver de novo e começar de novo quando for preciso.
Bem vindo a mim!

26 de agosto de 2012

Enquanto ele amar a ela


Tanto vai fazer seu papo, seu cabelo, a forma delicada como você escolhe as roupas que vai usar para estar com ele e cada par de sapato que colocar. Não importa como você é capaz de fazer com que ele se sinta melhor nem que você é legal e compreensiva e amiga e companheira e batalhadora e orgulhosa. Orgulhosa por estar com ele até. Isso não vai adiantar. Porque quando ele for embora, vai sobrar em você, o vazio de uma falta que sempre vai existir, causado não só pela distância, mas por todas as coisas que ele insiste em dizer, mas não sente ao seu lado.
Enquanto ele ainda amar a ela nem tente. É furada. Tudo o que você fizer, por melhor que você fizer, não será suficiente nunca. Simplesmente porque você não é ela, e, se é como eu, não deseja (nem por um momento) se tornar parecida.
Junte suas coisas meu bem. Estas todas que estão espalhadas e embaralhadas e confundidas aí dentro. Junte tudo e jogue fora. Vai doer sim, causa mal estar e solidão estar vazia mas principalmente, vai doer o que já foi dito. Então chore. Passe uma noite inteira chorando. E depois cuspa esse nó da sua garganta e passe todas as outras noites da sua vida sorrindo. Porque ele não tem exclusividade sobre o posto de indeciso e nem foi o primeiro homem a ir embora da sua vida. Então levante a cabeça e prepare-se para começar o jogo do início, até porque esse negócio de roubar ou avançar duas casas sempre precipitou as coisas, e não faz mesmo o seu gênero.
Plante sua felicidade nos caminhos que percorrer e deixe tudo o que tem que deixar pra lá. Importe-se menos com o que não tem importância, seja sincero e orgulhoso de quem você é e escolheu ser e nunca, em hipótese nenhuma, abandone os seus amigos. Nem por um novo emprego, nem por um novo amigo, nem por um novo amor. Nada é substituível, assim, no mais. Faça tudo que tiver vontade se isso te deixar melhor e tente cortar do seu caminho atitudes que nunca falarão sobre você. Se ame a ponto de não ter medo de ficar sozinho e de ter força para enfrentar qualquer tempestade. Tenha as suas armas, mesmo que elas sejam as lições. E atue com elas em todas as suas batalhas. Nenhuma dor é igual a outra, nenhum amor é igual o outro, nenhum caminho cruzará outro para que você escolha, lá adiante, o que realmente quer da sua vida. Então sempre aprenda alguma coisa do que viver. Tudo o que você fizer e aprender na vida, nunca poderá ser tirado de você.
O resto se vai. Deixa ir.

23 de agosto de 2012

O homem que vai a feira


A gente leva muito tempo procurando alguém que valha realmente a pena. Uma pessoa que possa fazer com que nossos dias não passem sem um grande feito. Alguém que nos provoque aquela vontade louca de sorrir. Não um cara para dividir o teto, isso nem sempre é o mais importante. Queremos mesmo é alguém criativo, engraçado e presente. Um cara colorido, esperto e discreto, que aparecesse em casa de madrugada, depois do sono, só pra aquecer. Alguém que não deixasse o avião partir sem dizer o quanto espera nossa volta. Enfim, um cara simples, quase invisível e capaz de entregar uma parte valorosa dele à você, sem pedir nada em troca.
Depois de muitas pesquisas, depois de muitos abandonos, de vários papinhos mais ou menos, de longas esperas por mensagens que nunca recebemos, de varar madrugadas e de gastar os pés até o último minuto de cada festa esperando um qualquer ter coragem para dizer “Oi” e de ter vontade de desistir das relações humanas entre homens e mulheres, você o encontra. É domingo de sol, o dia está pra lá de colorido, a fotografia e a paisagem contribuem muito, mas é ele quem toma forma à sua frente, segurando suas sacolas. Sim, ele está na feira.
Se você parar para pensar, é desse cara que você precisa também. Esse papo de príncipe encantado não tá com nada. Hoje, o que a gente quer mesmo, é um cara que vá a feira.
O cara que vai a feira vai atrás de alguma, ou algumas coisas. Ele tem um objetivo, ou quer, apenas, manter uma dieta agradável e balanceada durante a semana. Ok, já ganhou alguns pontos comigo.
O homem que vai a feira sabe escolher e pesquisar, dois princípios básicos para qualquer pessoa que tenha frequentado qualquer feira pelo menos uma vez na vida. Ele sabe que existem muitas coisas a sua disposição, muito mais baratas do que em outros lugares, e, misturadas ali, também estão justamente as que ele precisa, e encontrá-las pode exigir tempo e talvez até (sendo bem romântica) dedicação.
Pressupõe-se que o cara que vai a feira sabe cozinhar. Logo, ele é criativo. Chega em casa, mistura o que comprou (não assim, a moda bicho, ele sabe o que e como misturar) e é capaz de transformar a meia dúzia de coisas que comprou em um prato que você comeria de joelhos e ao seu lado. Esse cara tem a medida certa de cada tempero, e a quantidade exata de cada ingrediente, e sabe, como ninguém apimentar uma comida (e uma relação).
Se você passasse por ele na rua não conseguiria ver metade das qualidades que ele carrega, e sim, uma delas é ir a feira. Porque ela vem acompanhada de várias outras qualidades, incluídas naquele ato, sem que a gente perceba. Só por ir a feira ele é descolado, desprendido e calmo. Só por ir a feira ele já quebrou velhos padrões e clichês idiotas sobre como a masculinidade dos homens está tão mais ligada à sua força física do que as suas atitudes de companheirismo. Só por ir a feira você sabe que ele não é um cara a toa, ele é um cara pra você ter do lado, porque ele te traz segurança e felicidade, porque ele escolhe ligar pra você e te ter ao seu lado, mesmo que isso não possa acontecer todos os dias. Só porque ele vai a feira e porque se relaciona com outras pessoas, e porque tem muitos amigos, e porque lê e fica acordado até tarde mas, ainda assim, levanta cedo no domingo para ir a feira, você sabe que é pra esse cara que você vai poder contar os seus maiores problemas e suas piores preocupações. E ele, com a tranquilidade de um cara normal, e a experiência de quem vai a feira, sabe afagar seus cabelos, te dizer meia dúzia de palavras capazes de mudar o destino dos seus pensamentos e o roteiro do seu dia chato, e transformar a sua agonia em sorrisos, pelo simples fato dele mostrar que, quando está com você, todo o resto do tempo parece se perder.
Pode parecer delírio, mas essas qualidades podem sim ser reconhecidas em um cara, às 9 horas da manhã de um domingo qualquer, em uma cidade qualquer, em uma feira qualquer. Por que a pessoa com quem você deseja dividir a sua vida pode existir, mesmo não correndo todos os dias diante dos seus olhos, e pode vir a te conhecer, ou te reencontrar, quem sabe?
Agora só não pense que o prato veio pronto e que você já está mais do que satisfeita por ter encontrado o mais legal de todos os caras. Depois de tudo, falta ainda a parte mais difícil. Você também deve estar preparada para ir a feira com esse cara.

20 de agosto de 2012

Eu, a medrosa


Sempre tive horror de ser criança. Apesar disso curti muito a minha infância. Mas a verdade é que eu era encantada pelos saltos, maquiagens, postura mas principalmente, coragem dos adultos. A capacidade com que eles decidiam as coisas, como tinham certeza do que faziam, como eram altos e bonitos e como mandavam em suas próprias vidas. Eu queria mandar na minha vida, e cresci achando que seria cheia de coragem pra encarar o mundo.
Ando revendo meus conceitos ultimamente, porque virei uma adulta medrosa. Sim, e me dei conta disso há pouquíssimo tempo. Antes me julgava até bem corajosa não me perguntem porquê. Tenho medo das coisas sobre as quais eu não tenho controle, logo, tenho medo de quase tudo o que se move perto de mim. Tenho medo de não conhecer meu próximo passo, minha próxima porta aberta, meu próximo chão, nem que seja para me atirar de cabeça nele.
Esqueça tudo o que você já ouviu falar sobre mim, sobre a leoa que mora no meu signo, corpo e alma. Ela foi devorada por um rato, acreditem. Hoje ela anda com medo até de escuro. De chorar na frente dos outros, de demonstrar que não está bem, de decidir onde deve comemorar seu aniversário, como deverá cortar seu cabelo, como se vestirá amanhã. Ela anda com medo de acordar e de dormir. Coitada da leoa que tem medo de rato!
Ando receosa com tudo, já saio de casa com pé atrás do dia que começou e acho que volto dois passos para cada passo a frente que dou. Ando com medo de dizer o que sinto, de falar ‘eu te amo’ antes da hora, de ouvir ‘eu te amo’ antes do esperado, de não ter controle sobre o que é dito e o que é pensado e o que é sentido. Ando com medo da hora H, do dia seguinte, e do resto de todos os dias que vou conhecer depois de cada noite mal dormida.
Eu não esperava e não queria, porque achei que realmente crescer seria o fim do medo. Não é. Tenho medo de quando minha mãe sai de carro, meu pai viaja, meu irmão atravessa a rua e minhas irmãs vão na pracinha. Acho que a tendência é piorar, e muito, todos esses meus medos. De escuro, de barulho, de não ir, de não conseguir, de não querer voltar, de não dizer e de não ouvir. De tudo isso tenho medo.
Então é isso. Às vésperas do meu aniversário de adulta, descobri que a maturidade não me tira o medo. É preciso aprender a conviver com sua certeza ou eliminá-lo para viver de forma plena e parar de querer ser cada vez mais velha, como se envelhecer significasse o fim de todos os males.

9 de agosto de 2012

A recompensa


Eu trabalho, estudo, faço academia, pós-graduação, visito quem eu amo, viajo quando possível, ganho meu (pouco) mas bom dinheiro, consigo pagar as minhas contas sem atraso (quase todos os meses), costumo manter as pessoas informadas sobre o meu paradeiro, vou no super, na feira, na padaria e na farmácia.
Eu ligo pra dizer oi, mando mensagem para saber como foi aquela prova, lembro às pessoas o quanto me fazem falta, cumprimento quase todos os que me sorriem na rua, mantenho as pessoas informadas do quando gosto delas, saio pra falar sobre a vida, pra ouvir as músicas que gosto, pra dançar e aliviar o estresse.
Eu dou comida pro meu cachorro, lavo a louça, arrumo a minha bagunça em casa e no trabalho, me acho dentro da minha bolsa, me acho nos rabiscos da minha agenda, tento melhorar meus passos, saber mais, aprender mais e ser diferente.
Me proponho a fazer as pessoas sentirem o fascínio que eu sinto pelo trabalho que eu escolhi, repondo a todos os meus e-mails, imprimo e encaminho ao RH todos os currículos que recebo, sugiro amigos para os meus amigos, presenteio em datas comemorativas e tento estar junto sempre que possível.
Ando na linha, quase não bebo além da conta, minha lista negra está desabitada, detesto barraco, me preocupo com os outros, dirijo, reclamo e aconselho.
Mas tudo isso me esgota e tudo isso tem me incomodado muito ultimamente. Ontem, quando comecei a escrever esse texto eu estava bem mais chateada com essa correria de uma vida moderna, auto sustentável e ‘normal’. Hoje estou bem mais consciente. Mas amanhã posso deixar algo importante passar em branco simplesmente porque não tive tempo de olhar a agenda e de novo isso vai fazer toda a diferença e vai me fazer pensar que eu realmente preciso repensar todas as coisas que ando querendo fazer ‘ao mesmo tempo agora’. Ando percorrendo com pressa um caminho que na verdade, não sei onde vai dar. Sinto que eu ainda não estou procurando a linha de chegada, pelo contrário, estou traçando novos caminhos a partir do meu e com isso percorrendo distâncias cada vez mais longas para chegar .. onde mesmo?
O que espero como recompensa de toda essa correria que me deixa sem conseguir ir no inglês, ver as minhas irmãs e tomar um mate na praia com as pernas pra cima, nem é um pote de ouro bem cheio (se bem que não seria nada mal), mas uma cabeça bem aberta para novos conceitos, uma mente bem mais simpática às demonstrações de apreço, um sorriso cada vez mais fácil e um coração bem grande, pra caber sempre mais de todo o resto. 

3 de agosto de 2012

Do que eu não faço mais parte


Eu me afastei daquele sorriso, daqueles olhos, daquele jeito tão típico de me dizer as coisas e de chorar comigo. Me afastei das coisas que não concordava mas também daquele abraço verdadeiro. Das brigas constantes e dos cafunés acolhedores. Eu não faço mais parte daquela vida que já fiz, daquela loucura que já foi, do não saber, do impensado; mas junto com isso também deixei de lado uma história que, aos meus olhos e apesar de tudo, foi preenchida com muito mais sorrisos do que lágrimas.
Eu não estou mais naquelas fotos, daquele quarto, sobre a mesinha a meia luz. Até o que ainda nos ligava, hoje já nos separa e tenho a impressão de que deve nos manter ainda e cada vez mais distantes. Eu não sou pra quem você ligou quando precisou, pelo menos não ultimamente. E eu me afastei o suficiente para nem saber se ultimamente, você andou precisando de alguém.
Não cabia mais na minha vida o espaço que eu dedicava a uma preocupação desmedida e às decepções constantes que nossa relação nos trouxe. Não tinha mais espaço, no mesmo caminho, para pessoas que andavam em direções opostas, em ritmos diferentes. Eu não tinha mais cabeça para pensar no quanto você simplesmente não se preocupava com a minha vida e, por isso, em algum momento, escolhi esquecer que as pessoas são diferentes, e eu (fingi que) me afastei da sua vida também. E eu não fiz nada disso pra te provocar nem te esquecer. Eu queria simplesmente, ficar indiferente a sua existência.
Só que se eu não faço mais parte da sua vida também quero que você saiba que tentei, mas não consegui fazer parte do mundo dos indiferentes. Eu sempre vou sentir muito se pararmos de viver o que eu ainda acho que precisamos viver e se não estivermos mais juntas enquanto eu ainda achar que o seu número é a melhor opção quando pego o telefone. Não teremos nunca de volta o que o tempo deixou lá atrás, mas podemos começar com um novo passo, hoje, agora. Basta que o corpo sinta, a cabeça permita e o coração perdoe.