12 de janeiro de 2012

Carta ao Papa

Acabo de ler uma matéria em que o Papa Bento XVI diz que o casamento entre os homossexuais pode ser uma ameaça ao futuro da humanidade. Acho que o Papa não vê TV, não anda pelas ruas e nem fica sabendo do que está acontecendo pelo mundo. Muito menos lê o meu blog. Pois bem 'Senhor Papa', ou seja lá qual a palavra de tratamento lhe caiba melhor, vou dizer o que ameaça o futuro da humanidade.
Não se renovar ameaça o futuro da humanidade. Ser a favor da mesma ideia por anos, décadas e séculos vendo o mundo inteiro mudar a sua volta é a verdadeira ameaça para as próximas gerações. Não querer se questionar, não admitir o erro, não se permitir voltar atrás seja você pessoa, empresa ou instituição. Não querer pensar diferente, insistir em ser igual para sempre e levar conceitos defasados do amor, do sexo e da família adiante são a nossa principal ameaça à raça humana.
A mentira, a discórdia, a guerra e o ódio ameaçam o futuro da humanidade.
Os limites que não vem sendo impostos pelos pais fazem jovens queimar pessoas vivas, arrastar animais presos a carros por quilômetros, sair pelas ruas disparando contra outras pessoas, roubando vidas e destruindo famílias. A falta de respeito e de educação que nossos representantes políticos têm com a população e a descrença gerada pela desconfiança causada pelos mesmos; fora o desvio de dinheiro público para a utilização pessoal destes que deveriam investir em saúde, educação, moradia. Isso ameaça o futuro da humanidade.
A falta de presídios descentes, de trabalhos para a recuperação de pessoas que já cometeram algum tipo de infração e antes disso, a impunidade que vemos todos os dias cruzar nosso caminho são as coisas que realmente podem ser consideradas como ameaças ao futuro da humanidade.
Mas não me venha falar de amor. Seja ele hétero ou homossexual. Não me diga que o amor é prejudicial. Não me diga que o amor causa algum tipo de ameaça a qualquer pessoa que seja. Não queira me convencer de que uma união e um compromisso como o casamento seja uma ameaça ao futuro da humanidade. Digo com toda a certeza que tenho muito mais medo da sua ‘ideologia’ do que de qualquer outra coisa na vida. Ideias erradas, conduzidas por pessoas erradas e levadas adiante destroem o futuro da humanidade.
Tanta frase pra se falar, e uma besteira destas me cai como manchete nas mãos. Espero, e espero mesmo, ver outro tipo de discurso 'Senhor Papa', já que, realmente, tem muita, mas muita coisa mesmo que é bem ruim acontecendo com o mundo, para a sua maior preocupação ser o amor.



Por Manoela Soares (@manunsoares)

10 de janeiro de 2012

O que ainda nos une

Aquelas roupas no varal que ainda são suas. Aquele porta-retrato vazio. Aquelas frases apagadas. Aquelas gavetas vazias.
Os sonhos que não eram meus. As roupas que comprei por sua causa. As fotos que tirei pensando que você veria. Aquele filme que eu não assisti. Aquele livro que eu não li.
Aquelas coisas atiradas que ainda trazem a sua lembrança pra mim.
Aquela mateira nova. Aquele moletom com o seu cheiro. Aquele chuveiro que você instalou.
Você está por toda parte desta casa. Em cada porta que eu abrir, lá está: você inteiro. Sua ideologia, seu gosto, o que você comprou, o que você não gosta. Está tudo lá. Ainda.
E tudo ainda nos une.
Aquela cama vazia, aquele lençol macio, aquele banheiro sem espelho, aquela louça suja que você usou.
As janelas fechadas e os vidros quebrados, as plantas e os dias que começaram a ficar vazios. Tudo isso ainda nos une. As músicas que me fazem lembrar você. Os convites que você me fez há anos e que ainda penso: - E se a resposta tivesse sido sim?
E se todos os “E se” fossem diferentes? Quem nós seríamos?
Aquela almofada em cima do armário, aquela carta guardada a sete chaves, a sua letra, a sua voz. Aquela música que você me fez gravar em um CD e que eu ouvi dia e noite.
O que ainda nos une é quase tudo o que vejo, quase tudo o que toco, quase tudo o que penso. O que nos une é tudo o que não é palpável. São todos os sentimentos que não podem ser descritos por falta de palavras. O que nos une é tudo o que eu não vejo. É o seu rosto, que eu quase já não reconheço. O que nos use são quase todas as coisas, mas é principalmente, a minha vontade infindável de estar, de alguma forma muito sutil, mas ainda assim muito intensa, ainda ligada a você para sempre.


Por Manoela Soares (@manunsoares)

1 de janeiro de 2012

Para 2012 ...

Que em 2012 possamos ter mais paciência.

Que em 2012 possamos ter menos preocupações.

Que o que magoa não nos doa tanto e que o inofensivo não nos incomode.

Que eu não precise de planos para me tornar uma pessoa melhor; apenas que eu me preocupe em acordar todos os dias de bom humor e com uma vontade enorme de encarar a vida.

Que em 2012 as chuvas não arrastem casas. Que os ventos não arranquem a unha os sonhos de dentro das pessoas. Que a terra não deslize, que as ondas não ultrapassem a beira mar, que as crianças se protejam do frio.

E que eu não me acostume ao que não é normal ou sadio.

Que o sono nos traga pensamentos bons; que trabalhar não seja um martírio; que acordar cedo se torne um vício e que final de semana tenhamos vontade de aproveitar cada minuto de descanso fazendo alguma coisa para tornar a vida mais fácil.

Que ficar sozinha não seja um problema. Que apenas estar junto não seja a solução. Que exista mais companheirismo e amizade entre as pessoas.

Que o que sobrou das mentiras fique em 2011. Que possamos nos acordar puros no ano que será novo a partir de hoje.

E se para alguns 2012 representa o fim, que possamos nos fortalecer e amadurecer, para que ele seja apenas o começo.



Por Manoela Soares (@manunsoares)