28 de junho de 2011

Minhas inspirações ... (parte 5)

Porque existem pessoas que já nasceram para se encontrar ...


Hoje eu vou apresentar mais uma inspiração. Essa é diferente. Não nos conhecemos há muito tempo (+- uns 5 anos) mas vivemos juntas, uma amizade muito intensa, com momentos muito fortes, com presenças muito marcantes, com muita risada e muito choro. A minha inspiração me incentivou a escrever pra mostrar pras pessoas o que eu sinto. E ela fez o mesmo (http://portrasdomuro.tumblr.com/). Foi quem me ajudou a colocar o nome no meu blog. Foi quem disse que o que eu escrevia era 'mostrável'. Foi quem riu comigo dessa vida que deve ser levada numa boa. E foi por ela que, muitas vezes, eu fiquei numa boa. Mas também foi quem chorou junto comigo. Quem disse que eu estava errada. Quem me abraçou na hora certa. Quem me ensinou (e esse mérito eu sempre digo que é dela) a mostrar sempre o melhor de mim. Não sei se consegui ser para ela, um terço do que ela é e representa para mim. Mas se um dia alguém me perguntar se eu tenho alguém por mim, pode ter certeza que a minha resposta vai ser: SIM, EU TENHO!

Hoje é um dia muito especial pra essa que é uma luz na minha vida! E eu não vou poder estar presente. Pelo menos não fisicamente. Mas, como ela mesma fala: "Quem disse que pra tá junto precisa tá perto?". Então, eu vou estar perto. Pelo menos com o coração!


"Outro dia uma amiga muito próxima estava caminhando na rua quando se deparou com uma cigana que, na tentativa de ganhar algum trocado, encheu sua cabeça de conselhos furados, e observações sobre a vida. Bom, dentre estes conselhos, a cigana disse que ela tinha uma amiga, morena, que era “amiga de boca”. Não sei no que foi que minha amiga pensou na hora, mas acho que só em duvidar da minha índole (porque sim, foi em mim que ela pensou), passou em uma loja e me comprou um presente.

Quando nos vimos ela me deu um abraço apertado e me pediu desculpas sem que eu sequer soubesse o que estava acontecendo. Ela então me contou da abordagem da cigana e de como ela pode se questionar sobre a amizade que tínhamos há tantos anos por uma pessoa que ela nunca tinha visto na vida.

Pensando hoje, no que foi dito à uma das minhas grandes e melhores amigas tenho a dizer que me desculpe, mas sim, eu sou uma amiga de boca.

Uma amiga de boca porque sorrio sempre que a vejo, mesmo que não tenha nada de engraçado em estarmos juntas. Sorrio pelo simples fato de ela existir e de fazer parte da minha vida! Sorrio, e dou gargalhada das suas piadas, de como ela conversa com a minha mãe, como implica com o meu irmão, e como é tão indispensável para mim.

Sou amiga de boca porque falo, falo, falo e quando não temos mais o que conversar, ainda assim, eu falo! Falo de mim, falo dela, falo dos outros, dos meus problemas, das minhas alegrias, dos meus planos. Falo quando devo ficar em silêncio, falo quando devo falar, falo quando não aguento mais de tanto rir.

Amiga de boca, porque a primeira pessoa que ousar falar uma palavra sequer de alguém que eu ame na minha frente, é capaz de ficar me ouvindo umas três horas na colada. Não poupo elogios, não dispenso comentários xingo, grito, e ainda chamo de coitada por ser incapaz de criar com alguém uma amizade que desperte um sentimento sincero.

Amiga de boca também, porque com a gente não existe comida ruim. Comemos pela manhã, pela tarde pela noite, sem reclamar. Comemos, comemos de tudo, o doce o salgado de preferência tudo misturado e “com muita coca-cola por favor”.

Mas amiga de boca principalmente, porque é com ela que eu encho minha bôga de beijo, mordo as bochechas e principalmente digo o quanto eu a amo. E quando digo, não é da boca para fora não, é da boca para dentro!"


Amanda, minha amiga, minha boga, minha inspiração!


Por Manoela Soares (@manunsoares)

22 de junho de 2011

Por que a gente precisa das pessoas

Eu tenho recebido várias lições de moral nesses últimos tempos. São coisas que acontecem bem no meu nariz sabe? Como se a vida estivesse dizendo: - Viiiiiiiiiiu?

Hoje não foi diferente, abri meu e-mail e tive uma surpresa. Não chegou nem a ser desagradável mas tenho que confessar que foi muito inusitada. Lá estava, me pedindo um favor (não vou nem dizer ‘ajuda’ porque já é mais forte) alguém que já me julgou muito por fatos que nem deveriam ser de seu interesse.

E mais: ela disse que estava com saudade!

Muito conveniente e, muito mais convincente também. Pra ela mesma talvez. “Não era um favor, passei para saber como tu tava, dizer que estava com saudade mas já que estamos aqui queria saber se ...”.

Como diria a Xuxa, “Muuuuuuito bonito”. Assim é muito melhor pra nos convencermos, já que precisamos de alguma coisa de alguém que a gente magoou. Não estou julgando ela, acho que todos nós cometemos um erro como esse pelo menos uma vez na vida. Nós nos enganamos com as pessoas. Nós achamos que não precisamos delas, e as julgamos, literalmente, como se não houvesse amanhã. Achamos que nunca mais vamos encontrar, que nunca mais vamos precisar de ajuda! Falha nossa.

E eu nem falo isso porque moro em cidade pequena e cruzo (mesmo que eu não queira) com as mesmas pessoas pelo menos uma vez por ano – tá, uma vez por ano é muito pra Pelotas, mas é só um exemplo. Mesmo pra quem mora na maior cidade do mundo e que não espera nunca mais cruzar com alguém, aí vai a minha dica de hoje: não julgue! Qualquer dia você pode se surpreender escrevendo um e-mail para alguém (que você só não chamou de queridinha) dizendo que precisa de um favor.



Por Manoela Soares (@manunsoares)


E um beijo pra você que SEMPRE vê o lado positivo de tudo!

21 de junho de 2011

Minhas inspirações ... (parte 4)

Era uma vez, quatro pessoas diferentes ...


Existe uma grande diferença entre parceria e amizade. Aprendi isso desde muito cedo e, graças a Deus, sempre dei valor às pessoas que tive e tenho ao meu lado. Até porque essa história de não dar valor às pessoas e depois se arrepender não é pra mim. Mas isso também já é assunto para outro texto.

Tem gente que pensa que amizade é aquela cumplicidade que dura para sempre. Se não durou, é porque não existiu. Já fui parte dessa gente. Hoje enxergo que não é assim. Tive amigos, mas falo de amigos de verdade, que se foram. Não morreram, nem trocaram de país. Apenas foram seguindo seus caminhos, indo atrás de seu destino e, em algum momento, nos perdemos. Não apago tudo o que vivi ao lado desses que foram GRANDES amigos. E nem diminuo o que passamos apenas por hoje não fazer parte da minha vida.


Mas hoje vim falar de presença. De uma presença que pode ser quase imperceptível. Que na verdade nem precisa se fazer presente. Nem precisa falar. Se não quisermos, não precisa ouvir. É só estar. Se não estiver também, não faz mal, nos sabemos juntas.

Vim falar de amor de verdade. Não entre casais. De amor de amizade! Vim falar de quatro elementos, de fogo, de terra, de água e de ar. Vim falar de persistência, razão, simplicidade e inocência.


Vim falar de quatro histórias que já estão cruzadas, que anos atrás já se conheciam que não podem mais se deixar. Vim falar de quatro nomes, de quatro amigas, de vidas e escolhas, de pessoas tão, mas tão diferentes que já até se parecem.

Vim lembrar do tempo em que nos conhecemos; quando brincar de boneca era a nossa maior prioridade, quando bóias de braço eram um artigo fundamental.

Vim lembrar do depois, das nossas descobertas juntas, do primeiro beijo, das primeiras festas, da primeira bebedeira. Estávamos juntas. E mesmo quem não estava presente estava lá; pra mim era assim. Onde eu estiver estarão juntas minha persistência, minha razão, minha simplicidade e minha inocência. O que aprendemos juntas estará onde eu for. E mesmo que eu nunca tenha conseguido dizer todas essas coisas bonitas para vocês, acreditem: já chorei de noite pensando no que escreveria sobre a nossa amizade.

E chego a conclusão de que esse texto não vai nos traduzir; nem um livro vai.

Porque eu posso escrever de nós todos os dias, eu posso lembrar de coisas que já nem estavam mais aqui e ver que ainda tem muito a ser contado. E não vai ter fim! E que bom!

Quero que meus filhos queiram para a vida deles amizades como essa. Não quero que procurem pessoas iguais, quero que procurem pessoas bem diferentes. Quero que se desafiem, que testem sua paciência, que pensem em desistir. Para que um dia, se dêem conta de que não é só isso! Nunca é ‘só isso’. Tem muito mais além do que se vê.

Tem mais do que nas fotos, mais do que nas frases, mais do que cabe em cada uma de nós.

E sabe o que me emociona mais? Eu tenho a certeza de que é igual para vocês!

Eu não vim nem falar de amizade, eu vim falar de vocês,tenha o que sentimos, o nome que tiver.








Natália, Juliana e Andressa! Essas três são minhas grandes inspirações!




Por Manoela Soares (@manunsoares)

20 de junho de 2011

Saudade nenhuma de mim

Sim você já viu esse título em algum lugar. E não foi em qualquer lugar, foi na crônica da Martha Medeiros em que ela diz, de uma maneira muito sincera, o quanto não sente saudade das etapas pelas quais já passou. Veja bem: já passou! Não é desprendimento total, não é fazer pouco da vida que se teve, não é não sentir falta de um tempo, de um cheiro, de um gosto, de alguém. É não sentir falta de si mesma antes. Antes de ser quem se escolheu ser.

Me inspirei nela (como sempre) e percebi como não tenho saudade de ser quem já fui. Não mesmo.

Bloco de texto


Eu não sabia o quanto ia querer, na minha vida, ser uma jornalista. Eu não sabia que ia gostar tanto de criança. Eu não sabia que enxergaria meu irmão pequeno, literalmente pequeno o resto da minha vida. Eu não sabia das preocupações que encontraria hoje. Do quanto ia gostar daquela comida que ainda nem tinha provado. O quanto ia me dar bem com aquela guria que era tão chata. O quanto me preocuparia com a preocupação dos outros, com a minha mãe, com o meu trabalho, com os meus compromissos. Eu não sinto saudade dessa pessoa que praticamente não era eu, que não sabia nada do que eu sei. Que não era nem parecida com quem eu me tornaria no futuro.

Saudade de que? Do colégio que estudei, dos amigos que fiz, das histórias que inventei? Disso eu sinto. Mesmo. Mas não daquela menina que não sabia ainda se era tímida ou extrovertida, se era atriz ou professora, se era verdade ou sonho.

Eu não sinto saudade do que fui. Eu adoro ser e viver quem escolhi ser. Até que a menina perdida soube dar um rumo legal a minha vida, mas não sinto falta dela. Vou vê-la sempre através de fotos, vou ter seus pensamentos lendo antigos textos, vou me lembrar dela e de tudo o que ela construiu para que eu chegasse aqui sendo quem sou. Hoje ela dorme dentro dos meus pensamentos, às vezes vem a tona, depois volta para o lugar onde estava. Mas ela já não é mais tão presente na minha vida, e isso já nem é mais tão necessário.

Saudade nenhuma de quem fui.



Por Manoela Soares (@manunsoares)


Bom pessoal, dei uma pausa mas ainda não acabaram os posts sobre as "Minhas Inspirações". Em breve eles estão de volta. Só pra não ficar cansativo. Leiam e comentem! Beijos pra quem fica!

17 de junho de 2011

Minhas inspirações ... (parte 3)

Existem inspirações que não conhecemos desde sempre, que não amamos desde que conhecemos, que fazem parte da nossa vida pelo que é, para mim, a coisa mais importante do mundo: ESCOLHA. Eu escolhi me inspirar no Felipe desde o momento em que percebi que, apesar de não sermos exatamente perfeitos um para o outro (afinal de contas ninguém é), somos exatamente o que devemos ser um para o outro. Ele avião, eu pé no chão. Ele mochileiro, eu sonhando com a minha casa. Ele despreocupado, eu uma pilha. A gente pode ficar junto mais uns meses, uns anos ou o resto da nossa vida. Isso também vai ser uma questão de escolha. Mas passamos e marcamos um a vida do outro. Isso não tem como negar. Isso me inspira.

Conseguir enxergar beleza na relação que temos é inspirador. Por ele ser do jeito sem jeito que ele é, mas exatamente, do jeitinho dele (se é que vocês me entendem), ele já me inspira.




Ele é mais que um simples namorado. Ele não diz

que me ama para me agradar quando eu estou na tpm, nem tenta ficar me comprando com mesquinharias. Na maior parte do tempo ele age com tanta naturalidade que é como se eu estivesse lidando comigo mesma, numa versão masculina. É muito mais do que entender o que eu penso: ele respeita as minhas opiniões, mesmo que não sejam as dele. E como ele sabe disfarçar quando não está com vontade de me ouvir e eu insisto em não calar a boca as 7 horas da manhã de uma quarta feira qualquer.

O melhor é que ele não se importa em andar na chuva, ou em me ver chorando. E ele sabe como eu estou me sentindo agora, porque eu também sei como ele está. Ele é mais que um amigo, ele está presente em todas as horas, ele apóia e discorda; ele me defende e me tira a razão; ele me ouve e entende o meu silêncio. Sim, ele me completa.

Ele me completa porque no final da tarde eu só preciso de um sorriso dele pra ficar bem. Ele me completa com cada frase, com cada sorriso, com cada sonho nosso.

Ele me completa quando me diz que sente saudade. Quando diz que precisa de mim.

E eu estou entregue (e muito bem entregue) ao amor mais sincero que já se ouviu falar. Não há mentiras, não há omissões, não há motivos.

Ele entende o meu ciúme e ainda tenta me confortar.

Se eu tentasse explicar como me comporto na sua presença, eu diria que babo. Babo por cada coisa que ele fala, cada ideia que ele tem, cada coisa que ele faz, e por tudo o que ele me faz sentir. É muito fácil amá-lo!




Por Manoela Soares (@manunsoares)

Minhas inspirações ... (parte 2)

Nunca escrevi muito pro meu irmão. Ele não teria paciência para ler, na verdade, nem sei se faria tanta questão. Mas que ele é uma inspiração pra mim ele é. Não só na hora de escrever; ele é inspiração de vida. Decidido, bem humorado, amigo, são apenas algumas das qualidades do meu "irmãozinho".

Mano, acho que nunca vou conseguir te enxergar grande, seguro. Desde já, peço desculpa por isso.



"Mauricio,

Dizem que o amor não cabe em simples palavras, não é traduzido por olhares nem entendido em um simples sorriso. O amor não necessariamente é demonstrado através de atitudes,

porque muitas pessoas não sabem como fazê-lo, e isso não significa que esse amor seja pequeno; muito pelo contrário. Um dia, quando me disseram que eu teria um irmãozinho e que eu começaria a dividir com ele tudo que até então era meu, eu pensei em como teria trabalho para ensinar a ele tudo o que eu já sabia. Hoje eu tenho a certeza de que fui eu aprendi contigo! Tu me mostrasse o lado lindo de tudo e me perdoasse sempre que eu errei (e errei feio).

De ti, ouvi as palavras mais bonitas e senti a inocência e a verdade delas. De ti, vieram os abraços mais sinceros e apertados que já senti. De ti, tão pequeno, vieram as lições mais lindas sobre o amor e a importância dele na vida de cada um nós.

Meu maninho, eu te amo além de onde as palavras vão, muito mais do que tu imagina e pra todo o sempre meu pequeno!" 17/07/2007




Por Manoela Soares (@manunsoares)




"Entre as coisas mais lindas que eu conheci
só reconheci suas cores belas quando eu te vi.
Entre as coisas bem-vindas que já recebi,
eu reconheci minhas cores nela então eu me vi" Nando Reis





16 de junho de 2011

Minhas inspirações ...

A partir de hoje começo uma série de posts sobre minhas inspirações. Na verdade tenho muitas, mas muitas pessoas mesmo que me inspiram e me dão força; mas escrevi para poucas delas. A partir de agora, divido com vocês, os textos que escrevi com muito carinho para "apenas" algumas das minhas inspirações.


Começo com a maior delas: Minha Mãe (@gracans)


“Acho que ontem eu descobri que a vida é mesmo feita de pequenos momentos que vão se acumulando e que depende de nós saber corresponde-los na profundidade em que acontecem. Não sei como agradecer cada abraço que eu ganhei, como retribuir as palavras amigas e os conselhos

sinceros; como te encaixar nos meus braços como tu faz naqueles abraços que duram até a hora de dormir.
Ontem, mesmo depois de tu me dizer tantas vezes, eu finalmente me dei conta de que cada queda é só um passo a mais. Que não se pode desistir na primeira, nem na segunda ..nem nunca !
Só tenho que te agradecer pela força, por me fazeres sorrir, por me ouvires chorar, por dizeres o que é certo e não me deixares desistir! Tu é uma pessoa iluminada mãe. E eu tive a sorte de compartilhar contigo todos os meus momentos, fossem eles bons ou ruins !
Tu é a mulher da minha vida !!”

08/05/2006



Por Manoela Soares (@manunsoares)


Já escrevi outras coisas pra minha mãe também, como o texto "Borboleta", que foi postado no dia das mães. Mas acho que deveria ter escrito mais, ter escrito melhor. Não dá. Ela não se encaixa nas minhas palavras.

Talvez nessas, do Paulo Coelho, ela esteja mais presente: "O homem é o único ser na natureza que tem consciência de que vai morrer. Mesmo sabendo que seus dias estão contados e tudo irá se acabar quando menos espera, o homem faz da vida uma luta digna de um ser eterno. O que as pessoas chamam de vaidade – deixar obras, filhos, fazer com que seu nome não seja esquecido – considero a máxima expressão da dignidade humana."



ps: amanhã posto mais uma das minhas inspirações.

14 de junho de 2011

O tempo das coisas

Por que acreditamos que existem coisas para sempre? Nada é pra sempre. Nem o amor nem a dor. Ninguém ama o tempo todo. Ninguém sofre o tempo todo. Ninguém é feliz ou triste, ou bonito ou feio, ou gordo ou magro o tempo todo. Às vezes somos. Às vezes não. Gostamos de acreditar que vai durar para sempre nossa amizade, nossa felicidade, nosso amor. Mas a verdade é que, na maioria das vezes, as coisas duram mais tempo que nós.

Depois que uma pessoa vai embora, ela ainda está no porta retrato. Abraçada com a gente. Como pode isso? Como pode a foto durar mais tempo que esse amor, que essa felicidade, que esse eterno nosso. Como pode a gente ainda sentir aqueles braços nos entrelaçando naquele abraço que nunca mais será nosso?

Quando uma pessoa vai embora a flor que ela plantou segue crescendo. Como pode? Como pode estar ali depois de tudo? Como vou olhar todos os dias para aquele jardim sem me lembrar das mãos sujas de terra daquela que mais gostava de enfeitar a casa com flores? Pior; como eu nunca mais vou ver aquelas mãos?

Quando uma pessoa vai embora ela segue no vídeo, brincando, rindo, com aquela roupa, aquela mesma que ainda está no armário. Que resistiu mais a vida do que quem a usava. Qual o sentido disso? Qual o sentido de seguir convivendo com um monte de lembranças e cheiros e gostos e sensações que nunca mais voltam?

Por que as coisas, que eram das pessoas que já foram, não vão embora sozinhas, sem que a gente precise reviver a saudade de mexer no que já não tem mais vida?

Depois que uma pessoa vai embora outro dia amanhece, apesar da dor. O sol aparece muitas vezes, e ele segue aquecendo o mesmo chão que quem já não está mais aqui pisava ainda ontem. Mas como é isso?

Por que, e como as coisas podem durar mais que as pessoas?




Por Manoela Soares (@manunsoares)

2 de junho de 2011

Sobre o que eu ainda não sei

Ontem me peguei dentro de uma cena que acabou mexendo comigo de verdade. Um professor de academia, todo fortão, profissional de todo o tipo de luta, rei do muay thai, despediu-se de seu aluno – um menino de 5 ou 6 anos – com um beijo e um abraço bem apertado. Ele tinha pedido que o menino fosse até a frente da academia, ver se já tinha alguém esperando ele. Tinha. Ele voltou para dizer ao professor:

- Já estão aí! – então ele levantou os braços, encaixou o pescoço do professor no seu abraço, fechou os olhos e ficou ali. Não sei por quanto tempo. Eu confesso que também me perdi naquele abraço.

Eu me dei conta que se um dia passasse na rua por um homem como esse professor, pensaria que é um troglodita. Que ensina às crianças sobre luta, briga, soco, chute.

Ignorância minha.

Cometemos um milhão de ignorâncias por dia sem nos darmos conta. A cena que eu vi ontem me abriu os olhos para um mundo inteiro de estereótipos criados pelas pessoas, pela mídia, por uma sociedade inculta e sem noção.

Me dei conta de quantas vezes achei que alguém não tinha capacidade de fazer alguma coisa porque era bonito demais. Quantas vezes não me aproximei de pessoas por não gostar da forma como elas agiam. Quantas vezes desprezei alguém por um ato distinto, fora de contexto.

Quantos corações deixei de conhecer por ignorância? Quantos bons amigos não tenho porque não permiti aproximação?

Ainda não sei bem porque, mas aquele abraço mexeu muito comigo. Talvez eu reflita mais, volte a falar no assunto. Na verdade essa cena faz parte das coisas que eu ainda não entendo. Eu sinto algo, mas não sei falar sobre o que é. Nem importa saber; mas são coisas que mexem comigo, que me fazem parar e pensar mesmo no que vale a pena. Acho que no final das contas percebo que o importante não é a vida que se leva ou a que se quer levar. Não é perfil que se tem ou aquele que se quer ter. Não é estar dentro de padrões de comportamento ou de beleza. O importante é abraçar e permitir-se ser abraçado.




Por Manoela Soares (@manunsoares)

1 de junho de 2011

São todas uma

Não importa quantas elas sejam, se andam em bando ou sozinhas. Se sabem como se comportar no escuro ou se decepcionam as pessoas que as amam de alguma forma.

Não importa quem são elas; se estão fardadas, se usam roupas normais ou roupas feias. Se estão de rosa ou verde musgo. Não importa de elas gostam da forma como são cuidadas, se não se importam com a forma como as olhamos, se não querem ser regadas e depois colhidas por alguém que valha a pena mesmo.

Não importa se a aposentadoria delas não vai cobrir nossos gastos com o futuro, não importa se elas acordam cedo, se elas tem dinheiro para viajar ou para aplicar na poupança.

Não importa se acordam de mau humor, se ficam feias com o cabelo sujo, se choram tanto de tristeza quanto de felicidade, se não comparecem à nossa formatura, se esquecem do nosso presente de aniversário.

Não importa quantas vezes elas errem dizendo para que você siga seus conselhos, quantas vezes elas te façam olhar para trás para ver o que perdeu, quantas vezes pisem no seu calo para fazê-lo parar de doer.

Não importa se elas voam para longe quando querem ficar sozinhas, se elas se perdem no tempo e ficam mais de três meses sem te ver, se elas saem na chuva para purificar a alma.

Não importa se elas escondem seus medos de você, se ficam inseguras com a sua presença, e se sentem aliviadas quando você vai embora.

Não importa de que modo elas fazem parte da sua vida; mas todas de algum jeito te constroem e todas as vezes que você acha que vai conseguir fugir, elas aparecem.

Elas sabem voar e vem pra perto quando menos se espera.

De algum jeito elas não te deixam ficar só, mesmo que no outro dia elas vão embora.

E mesmo quando elas fazem tudo errado, perto de tudo o que elas representam, isso realmente não importa.




Por Manoela Soares (@manunsoares)


ps: para vocês quem são elas? o que vem à cabeça? Comentem :)