31 de maio de 2011

Pra transformar você

"Resolvi que seu cabelo era curto, escuro, abastado; aquele cabelo que dá pra pegar mesmo. Que suas roupas eram limpas, daquelas cores que eram da minha preferência, que seus tênis ficariam guardados no armário junto com todas as suas roupas arrumadas exatamente como eu queria que fosse.

Decidi que a viagem dos seus sonhos tinha que ser ao meu lado. - Nada de mato, eu gosto de praia.

Eu desejei tanto essa vida ao seu lado que cheguei a idealizar você chegando em casa, me trazendo flores e os filhos do colégio. Eu idealizei você. Peço desculpas por isso. Tirei sua identidade durante nosso tempo juntos. Eu quis que você fosse o homem com quem eu sonhava. Não quis que você fosse você.

Eu te quis tanto para mim que esqueci de perguntar o que você esperava. Eu não queria mais esperar, não queria mais lidar com o medo. Eu quis te manter tanto ao meu lado que me afastei todas as vezes que não estava bem, que precisava discutir algo que me magoava. Fazendo isso, tinha medo que retrocedêssemos, e eu já não queria pensar em passado.

Eu idealizei a vida com um homem que nunca existiu. E você não tem culpa disso. Você nunca foi aquele homem com quem eu achava que dividiria a minha vida.

Eu tinha alguém real ao meu lado. Cheio de dúvidas, medos e defeitos. Muito mais cheio de qualidades. Mas que não eram para mim. Você foi alguém maravilhoso que eu amei, e pra quem depois, sozinha, como se me fosse permitido, tracei um futuro inteiro ao meu lado.

Me desculpa por ter fingido que você era alguém que não é. Me desculpa por ter te pedido tantas vezes para mudar algo que era de sua natureza. Desculpa se fiz você, por um minuto sequer, pensar que não fosse o suficiente.

Transformei você por que quero viver a vida toda ao lado de alguém. Mas esse alguém não se parece com você, nem tem os mesmos pensamentos, nem as mesmas angústias, nem o mesmo querer, nem o mesmo amor. Amei alguém que fiz pra mim, com massa de modelar. Que desenhei, pintei e tatuei exatamente como eu queria que fosse.

Desculpa por ter tentando transformar você em algo que você nunca poderá se tornar. Eu mesma não me transformo, e sigo transformando os outros."




Por Manoela Soares (@manunsoares)


*Essa foi a última postagem do blog no mês de maio, mês em que foi criado! No momento já são mais de 1278 visualizações. Obrigada! Vamos seguir? Eu postando e vocês lendo?

Então tá combinado; beijo para quem fica!

30 de maio de 2011

É preciso se transformar.

Um dia é preciso acordar diferente, se sentir mais bonita, querer dançar na rua, pular no trabalho. É preciso ter um dia que dê vontade de dizer para todo mundo: vocês não tem noção de como eu estou me sentindo.

Exalar felicidade, sorrir para as pessoas, acordar mudada.

Por que só de tristeza não há de se viver.

Só do que vemos no noticiário, só do que sai no jornal, só da desgraça que vemos na rua, só dos “bom dia” que não recebemos, só dos telefonemas que não foram feitos, só dos agradecimentos deixados para amanha, só da falta de esperança não há de se viver.

Transforme seu dia e comece desde o começo. Se não acordou bonita pinte o olho. Se o cabelo está amassado prenda. Se aquela roupa que você sempre usa hoje não lhe cai bem, troque. Não é preciso acordar igual todos os dias. Muito pelo contrário é preciso transformar. E saber que cada coisa que acontece no seu dia é de total responsabilidade sua.

Da mesma forma que transformamos nossas vontades desde pequenos, que trocamos nossos planos, que amamos mais pessoas e que conseguimos perdoar. Dessa mesma forma é preciso transformar-se externamente. Não mantenha a aparência, aquela mesma de quando você tinha 15 anos. Cresça para se achar mais atraente, para se sentir mais mulher.

Hoje estou escrevendo sobre futilidade, por que as vezes é preciso apenas sentir-se bonita. Para si e para quem vê.

E hoje, eu estou muito bem comigo mesma.




Por Manoela Soares (@manunsoares)

27 de maio de 2011

O segredo das biografias

Por que a vida dos outros parece sempre mais interessante?


Todo mundo já ouviu a famosa frase: “A grama do vizinho é sempre mais verde”. E, pelo menos uma vez na vida, todo mundo já achou isso. A casa dos outros é sempre mais planejada, a roupa dos outros parece sempre mais cara, a festa dos outros é sempre mais badalada, a namorada dos outros é sempre mais carinhosa, a mãe dos outros é sempre mais liberal, e por aí vai. Achamos a todo momento que a vida alheia é mais importante e não nos damos conta de como nossa vida é interessante.

As biografias são um bom exemplo. Nunca falei, mas sou apaixonada por biografias. Gosto de ler sobre as pessoas, suas vitórias, seus fracassos, momentos de alegria e tristeza, casamento, filhos, obras. Se o João da padaria escrevesse uma biografia, provavelmente eu compraria – e provavelmente seria bem interessante. Todos temos uma boa história para contar.

Li ano passado Quase Tudo, biografia de Danusa Leão, irmã da cantora Nara Leão. O livro é ótimo, nem senti a leitura passar! Aconteceram coisas extraordinárias na vida da ex-modelo. Ela foi famosa, teve entre grandes amigos o poeta Vinícius de Morais, o presidente Getulio Vargas, o arquiteto que “criou” Brasília Oscar Niemeyer, o escritor Rubem Braga, conheceu personalidades como o ditador chinês Mao Tse Tung e foi casada com Samuel Wainer, importante jornalista da época. Conheceu o mundo, posou para importantes fotógrafos – entre eles Cartier Bresson – foi capa de grandes revistas e modelo de grandes campanhas. Mesmo assim teve momentos de infelicidade. Somos todos feitos de carne e osso.

Castelo de Vidro conta a história da vida da jornalista do The New Yor Times, Jannette Walls. Ele teve uma infância miserável, mudou-se diversas vezes – e por isso não tinha amigos, contava apenas com a família – muitas vezes não tinha o que comer e, graças a um projeto social começou a escrever. Deu no que deu. É uma jornalista bem sucedida e trabalha em um dos maiores jornais do mundo.

Até a biografia de Maitê Proença me encantou. O livro Uma Vida Inventada, escrito – podem acreditar – pela própria atriz,não é apresentado como biografia, mas conta a vida de Maitê como se fosse uma personagem. Apesar de todo o preconceito inicial que tive com o livro, recomendo.

Fora essas, li outras biografias incríveis. Sou do time que pensa que todas as pessoas tem uma história que vale a pena ser lembrada – e lida por desconhecidos. Todos servimos ou serviremos de exemplo para alguém um dia. Nossa vida pode emocionar as pessoas mesmo quando achamos que ela é “tão banal”.

Por isso, se algum dia você resolver escrever a sua biografia me avise, que eu compro!




Por Manoela Soares (@manunsoares)

Carta aos leitores

Olá pessoas que lêem o meu blog! haha. Bom, seguinte, em primeiro lugar quero dizer que é muito legal ver a cada dia o número de acessos crescer aqui no blog. Toda vez que entro tenho uma surpresa, e é uma surpresa muito legal! Sempre soube que era bom escrever, por isso escrevo desde que me conheço por gente e expresso os meus sentimentos dessa forma - sempre foi assim. Mas não sabia que mais legal que isso era escrever para alguém ler! Isso sim é comunicar. Muito, muito obrigada a quem faz parte desse numerozinho que aparece no canto do blog e que me deixa feliz demais! Sei que a maioria deles são pessoas muito próximas e queridas, amigos, familiares, colegas, enfim, não importa. Meu desejo não é levar os textos para o mundo, é levar para alguém. Uma pessoa só. E de um em um ...

Bom, próximo assunto, gostaria de mostrar no blog, além das crônicas que tenho escrito, matérias que tenham sido marcantes para mim, momentos que tenham me marcado, pessoas que tenham mudado a minha forma de ver a vida. Enfim, qualquer coisa que tenha me dado Motivo para Escrever. A literatura está em tudo, nos olhos de quem vê, sente e ouve. Quero dividir no blog as experiências que acho legais. Pode ser?

E se ficar chato, vocês me avisam, ok? Beijos pra quem fica.

Boa leitura!



Por Manoela Soares (@manunsoares)

25 de maio de 2011

Sem título

Acho que foi ontem, quando você me levou flores. Quando eu abri a porta eu senti um ar diferente. Quase não era frio. Pareciam dois estranhos na sala. Éramos nós, nos envergonhando do que mais nos aproxima: nossa intimidade. Por que ficamos tão quietos? Havia muito para conversarmos. Muito para jogar na mesa.

Acho que me dei conta de que não precisamos de tantas coisas. É preciso estar bem. Esse é o primeiro passo.

Alimentei expectativas de alguém que nunca existiu, com quem nunca conversei, que nunca conheci. E me vesti de medo para não perder esse alguém.

Agora preciso aprender a te conhecer, por que não me permiti isso sempre. Quis muito que você fosse como eu achava que era. É preciso recomeçar do zero ou simplesmente desistir.



Por Manoela Soares (@manunsoares)

24 de maio de 2011

Sei lá

Sei lá quem quero enganar, se mais a mim do que aos outros. Não paro de pensar. É como se as coisas ainda fossem as mesmas depois de toda minha certeza depois daquela conversa. Um dia isso vai acabar?

Tenho medo de me distanciar tanto de você a ponto de não me enxergar mais. E isso não poderia acontecer não é mesmo?

Mas muito de mim se deve a isso. A essa vida que temos.

Acho que as vezes não te explico direito a razão de tudo isso acontecer. Não poderia ainda dizer que estou satisfeita, nem com a situação, nem no que me deixei envolver, nem comigo mesma.

Também tenho medo de que as coisas mudem. Talvez tenha medo de te ver mudar sem mim. Mudar pra quem então?

E eu disse tanto que isso não se repetiria.

É bem verdade que meus pés já estão no chão. É bem verdade que eu não quero mais tentar: queria conseguir uma vez.

Ninguém pode ser mais por ninguém além de ser para si mesmo.

Eu mesma já estou raza de palavras e vazia de ideias. Já não sei o que esperar de mim.


E quem escreveu este texto, está a base de Gal Costa: Socorro

“Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar, nem pra rir
Socorro, alguma alma, mesmo que penada
Me empreste suas penas
Já não sinto amor, nem dor, já não sinto nada
Socorro, alguém me dê um coração
Que esse já não bate, nem apanha
Por favor, uma emoção pequena
Qualquer coisa

Qualquer coisa que se sinta
Em tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva

Socorro, alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento, acostamento, encruzilhada
Socorro, eu já não sinto nada”




Por Manoela Soares (@manunsoares)

20 de maio de 2011

O que me mata

O que me mata é a incerteza. É a sensação de que não sei mais, de nada, de ninguém. Não é o fato de estar ou sentir só, é a incerteza: será assim sempre?

O que me mata é olhar para trás e ver quantas coisa poderia ter feito e não fiz. O caminho que eu escolhi é mesmo o certo? Quantos outros deixei de trilhar por essa maldita confiança no meu instinto?

O que me mata não são os nãos. São os sins desavergonhados que escutei, as propostas descabidas que me foram feitas, as situações embaraçosas das quais não consegui me livrar por essa maldita mania de não fazer mal às pessoas.

O que me mata é ver quantas oportunidades passaram, quantas pessoas passaram com elas, quantas coisas não foram ditas.

O que me faz morrer um pouquinho hoje, não é o fato de estar assim. É o fato de ter tentado. É o fato de pensar quantas vezes ainda tentarei. Quantas pessoas vão me machucar? Quantas pessoas eu vou machucar?

O que me mata é pensar que muitas coisas foram em vão. Que não poderei voltar para reparar meus erros. Que os sins inconseqüentes que pronunciei já estão vivendo por aí. Que as pessoas que magoei se curaram e hoje vivem bem.

O que me faz envelhecer cada pedacinho é que já deixei de ser quem eu era. Sou descrente de algumas histórias bonitas, já deixei de sonhar meus antigos sonhos, o que planejei e não foi realizado, já deixei pra trás.

O que faz de mim mais velha, são as preocupações que não são minhas, os problemas que não são meus, minha maldita mania de tentar resolver me envolvendo. E piorando a situação. Pelo menos para mim.

O que me mata é o que eu não fiz. O que me mata é o que comecei a fazer pensando que continuaria amanhã. O que me mata são as minhas decisões. O que me mata é conviver com o peso de quem eu escolhi ser.



Por Manoela Soares (@manunsoares)

19 de maio de 2011

Cadê eles?

Por Amanda Rodrigues (@amandarodrigues)


Mais um dia cinza e frio nessa cidade onde as coisas andam pra trás inversamente.
O frio, as ruas, os dias, os amigos e tudo que aqui está, é o que nunca deixou de ser.
As manhãs ainda são azuis com quem quer enganar ao outro logo que acorda.
Os passarinhos ainda cantam como se fizessem a diferença pra quem nem lembra que eles existem.
Os carros continuam poluindo o ar como se isso ajudasse o mundo, e não acostumar as pessoas a serem mais preguiçosas.
As pessoas poluindo as mentes como quem mistura o lixo organico com o reciclável.
As tardes poluindo os dias dos desocupados com inutilidades na tv, na rua, na revista, por onde andam.
A faculdade? Ah, a faculdade continua aqui. Fria! Fria em todas as tardes, de inverno à verão.
É tudo tão igual todo o tempo, só muda com o chegar das 18h, horário em que as pessoas começam a aquecer os corredores.
Aquece as catracas, aquece o chão e aquece o banco de todo o dia. Banco aquele onde o veneno é destilado.
Vozes se espalham, e como me fazem rir. Na verdade não vozes, mas sons altos me fazem rir sem motivos e isso é bom.
Gente estudando e deixando que esses 15 minutos que antecedem a aula lhes causem pânico e alvoroço. Em todo mundo.
O bar, agora sim, abriu. De tarde é tudo tão vazio, tão frio, tão só, tão cheio de pensamentos soltos, que não dão motivos pro bar abrir.
Afinal de contas, abrir pra quem? O frio não compra nada material, só emocional. Compra a falta das coisas, a falta de tudo que sobra em dias quentes.
Quando tá calor e a gente fica sozinho tudo é tão mais colorido e reflexivo e quando fica frio, é tudo mais seco, mais cinza, mais marrom, mais sem fim, mais encolhido.
É esse frio é inimigo do verão, eu tava falando de estações ou de faculdade, ou das estações das noites de faculdade?
Eu tava falando que em dias assim, dias em que eu chego, dias em que tudo parece ser controlado pelo horário e cronometrado como um relógio que desperta a cada 5 minutos.
Esse barulho de catraca, esse pi-pi-pi do portão de trás, essas palmas na calçada, esse griteiro dos passarinhos, esses professores correndo! São 19:15 pessoal!
Tá na hora!
Faz horas que eu tô aqui, esse puff já fez um buraco de ficar sentada, o msn já rendeu boas conversas e o frio ainda está aqui, cadê o resto?
O frio veio, e desde cedo. Mas os amigos? Eles não estudam mais aqui!

18 de maio de 2011

Eu perdia tempo

escrevi esse texto há uns 6 anos eu acho. é bem antigo mesmo. mas é tão atual.


"Eu perdia tempo pensando no que tivemos. Te amando pelo bem que me fazias, por tudo de maravilhoso que me despertavas. Eu pensava nas noites que sentamos na areia, na beira da praia e planejamos um futuro que não existiu, mas foi lindo. Lembrei que deitava no teu ombro e olhava para o céu esperando que a última estrela fosse embora. Eu lembrava de quando ficávamos horas ouvindo música dentro do carro. De como sorríamos, de como nos sentíamos, de como éramos. Poderíamos ficar para sempre naquela cena, cuidando um do outro. Eu pensava que seríamos felizes para sempre enquanto durasse. E eu esperava que durasse a vida toda. Eu pensava que você era um cara legal e que, apesar de tudo, havia feito o que podia para que déssemos certo. Eu costumava pensar o quando você devia estar sofrendo por “sem querer” ter nos afastado. E eu realmente queria ligar para dizer que estava tudo bem.

Eu costumava pensar no quanto éramos felizes até o dia em que eu caí na real e vi que não era tão má quanto diziam e você não era tão maravilhoso quanto eu achava.

E então, eu comecei a perder tempo pensando em tudo o que não fizemos, em tudo o que não conseguimos, em tudo o que não fomos. Nas festas que eu deixei de ir, nas pessoas que você deixou de conhecer, nos sonhos que eu desacostumei a sonhar, nas coisas que você deixou de acreditar.

Comecei a perder tempo me lembrando das palavras que você não me disse, nos beijos que eu já não te dava, nas novidades de que me poupava, nos sorrisos que eu já não queria compartilhar.

Então perdi tempo pensando nas cartas que eu não te escrevi e na falsidade das que me escreveste. E pensei o que valia mais.

Eu perdi tempo pensando que se você não estava ao meu lado era por falta de vontade mesmo, não perdia tempo arranjando desculpas para te desculpar.

E eu perdi tempo tentando preencher de ódio os espaços vazios que ficaram dentro de mim.

Um dia me acordei, e me dei conta do tempo que havia perdido.

Comecei então a viver, sem mais perder. E nunca mais precisei preencher meu tempo para não pensar no que fazer sem você, porque isso já não fazia a menor diferença."



Por Manoela Soares (@manunsoares)

16 de maio de 2011

Do que escrevo

E o que eles tinham para falar um do outro?

Eram amigos. Se sabiam ali. Podiam contar um com o outro. Riam juntos, sonhavam juntos, acordavam juntos.

O que mais eles podiam esperar um do outro?

Já tinham filhos, já tinham conhecido meio mundo juntos, já tinham se confidenciado os maiores segredos.

O que escrever sobre eles?

Eram perfeitamente felizes. Brigavam, mas faziam as pazes. Choravam e encontravam carinho no abraço do outro. Tinham problemas e os resolviam juntos.

História bonita essa, desse doce do amor que muita gente não conhece. Mas o que eu tenho a dizer sobre isso? O que escrever sobre eles? Se tudo é dito ali.

Não escrevo sobre mim, mas não escrevo sobre eles.

Escrevo das frases que vejo, dos olhares que junto, dos silêncios que falam nas salas fechadas de qualquer lugar. Escrevo das frases de músicas. Das palavras ditas com carinho. Das também ditas com ódio. Escrevo de tudo que vivi, que vejo viverem, que deu e que não deu. Escrevo do ontem e escrevo do amanhã. O importante é escrever.

Mas não escrevo de mim. Não escrevo deles.

Escrevo do que vejo, sinto e quero.



Por Manoela Soares (@manunsoares)

13 de maio de 2011

Eu não quero ser a mulher da sua vida

De verdade, nunca planejei para mim suprir tudo o que você precisa. Nunca nem no meu mais profundo querer, poderia me render por completo a todas as suas suposições a respeito da mulher ideal. Sinceramente, não nasci para ser a mulher da sua vida. Na verdade, não quero ser a mulher da vida de ninguém.

Não planejo acordar, todas as manhãs, pelo resto da minha vida mais cedo para preparar o seu café; e não espero que faças isso por mim. Nunca pensei em concordar com todas as suas opiniões, em engolir frases que me soam mal ou em não dormir pensando nos seus problemas.

Não pretendo ter todas as qualidades que sua mãe esperava que sua mulher tivesse, sou apenas eu mesma com minhas qualidades e defeitos.

Não posso suprir todas as suas carências, nem que tente sou capaz de frear suas lágrimas e por mais que te proteja o mundo não perdoa.

Eu não vou ter meu corpo para sempre, nem minhas idéias nem meus sonhos. Eu planejo ser diferente, me transformar, crescer; constantemente e a vida toda.

Por isso, eu não quero ser a mulher da sua vida. A mulher perfeita, a mulher com quem você sempre sonhou, a mulher em quem você pensa o tempo todo.

Quero apenas ser a mulher com quem você planeja dividir uma parte, uma pequena parte do seu tempo. Quero ser a mulher de quem você lembre quando vê uma coisa, quando ouve uma música; quero ser para quem você liga, quero ser para quem você volta.

Quero ser com quem você pode contar e dormir. Quero ser com quem você sabe que pode desabafar, com quem você sabe que pode contar, em quem você sabe que pode confiar.

Quero ser quem você defende até debaixo d’água, quem você cuida, quem você abraça, quem você quer fazer feliz, quem você quer sempre ao seu lado.

Sinceramente, eu não quero ter o título de mulher da sua vida e ser deixada para trás. Prefiro não carregar título nenhum, não ter sobrenome, não ter nada, e ser bem amada por você.



Por Manoela Soares
(@manunsoares)

Deixar de ser

Não sou sempre a mesma. Ás vezes acordo mais pra lá do que pra cá e nem eu mesma sou capaz de me aguentar. Tem dias que não me esforço para demonstrar meu carinho, para dar um beijo, para retribuir um abraço. Ás vezes estou tão cansada de mim mesma e de meus pensamentos que esqueço de dizer a alguém o quanto é especial. Ás vezes meu mau humor é tanto que não sou capaz de sentir que o amor segue aqui, crescendo sempre. Ás vezes sou tão egoísta que não consigo ver alguém tentando me levantar de cada queda, o tempo todo ao meu lado.

Não sou sempre a mesma. Ás vezes me faço criança, me dou direito de sentir medo e ter meu coração quase cuspido do corpo num agito inevitável que insiste em acontecer a noite. Me dou direito de não querer ficar sozinha, de querer dormir com alguém, de precisar de um carinho, de fazer birra pelo que quero, de simplesmente não lutar pelas coisas, de ser incosequente de resultados.

Não sou sempre a mesma. Às vezes acordo chorosa e tenho a certeza de que nada dará certo. E nesses dias, nem mesmo as coisas mais concretas são capazes de sustentar minhas angústias. Tenho vontade de desistir de tudo o que sempre sonhei, do que me fez chegar até aqui, do caminho que ainda pretendo seguir. Assim, sou incapaz de entender os silêncios e a ausência de quem insiste em me deixar a sós comigo mesma.

Não sou sempre a mesma. Ás vezes me acordo escritora e passo e mail para toda a minha lista de contatos. Ressuscito ex amigos dizendo o quanto me fizeram falto, conto as novidades mais velhas para quem já não está por perto, combino coisas para o final de semana, teço uma rede de contatos já esquecidos. Faço a lista do super, dos médicos, da farmácia, das tarefas de hoje. Escrevo poesia para quem não devo, releio antigas cartas amareladas das gavetas. Nesses dias me sinto sonhadora, me sinto bonita, me sinto mais livre, é como se estivesse me dirigindo a um lugar ainda não explorado.

Não sou sempre a mesma. Ás vezes acordo e é outra. É outra no quarto, mexendo nas gavetas sem saber ao certo o lugar das minhas coisas. Ou das dela? É como se eu não fosse mais eu mesma. É como seu eu já tivesse ido embora há muito tempo, naquele dia em que tudo foi esquecido. É como seu eu já não estivesse mais presente, como se já não ocupasse mais aquele lugar na mesa. Como se não pudesse mais abrir aquelas janelas.

Não sou sempre a mesma porque ás vezes me deixo deixar de ser.



Por Manoela Soares (@manunsoares)

8 de maio de 2011

Dia das mães

Hoje vou dedicar o texto à minha mãe. Escrevi um cartão para ela num dia das mães e ela me pediu que postasse. Aí vai!


" Cada borboleta tem a sua cor. Cada borboleta tem o seu som. Cada borboleta voa o quanto pode.

E ninguém dirá a elas qual a hora de voltar para o casulo: cabe a cada borboleta confiar no seu instinto e seguir sua intuição.

E o que as diferencia não é o tempo de vôo, mas onde elas escolhem ir e quem elas conseguem conquistar durante o curto tempo que têm "



Por Manoela Soares (@manunsoares)

7 de maio de 2011

Quando eu te deixei partir

Mais um antigo.


" No dia em que eu te deixei partir senti um alívio imenso costurado por uma profunda vontade de chorar. Eu arrumei toda a casa exatamente como queria. Comecei a fazer tudo o que tinha certeza que me faltava enquanto você permanecia aqui. Tomei um banho demorado que havia muito não me era permitido, tomei uma taça de vinho e arrumei o cabelo.

No dia em que você foi embora liguei a televisão e vi três filmes românticos, fiz tricô e tirei o tabuleiro de xadrez que ocupava todo o espaço da mesa do telefone. Recoloquei o tapete na sala, tirei a cinza do dia anterior de dentro da lareira e encomendei cortinas novas para o quarto.

No dia em que você saiu de casa eu fiz uma faxina no jardim e tirei todas as velhas plantas que já não davam flor. Troquei a água do cachorro, comi muito chocolate e fui dormir de madrugada depois de chorar ao ver a novela. Sim, no dia em que você foi embora eu vi a novela.

Também coloquei os refrigerantes sem gás, os biscoitos moles e os frascos de xampu vazios na lata do lixo, para onde já deveriam ter ido. Coloquei os dvds que não assistíamos mais no armário das coisas que não usamos e recuperei de lá meus livros de auto ajuda. Eu li algumas páginas daqueles livros que ficam me dizendo o que fazer e me diverti pensando em como você ficava furioso quando eu os lia antes de dormir.

Esqueci de contar? No dia em que eu você saiu de casa eu dormi com a luz acesa, lençol elétrico ligado e sem escovar os dentes.

Eu achei nossas antigas cartas. No dia em que eu te deixei ir embora eu li cada uma delas e percebi como mudamos e porque fomos ausentes. Eu lembrei do que pensava quando estávamos apaixonados e quando não nos queríamos mais.

No dia em que eu te deixei ir embora, a casa acordou vazia, o chuveiro não fez barulho e o cachorro não latiu. Eu tive todo o tempo que sempre quis para usar o banheiro e ninguém se importou. Eu não ouvi sua voz, eu não vi seu sorriso, eu não tive você.

No dia em que você foi embora, as coisas perderam o sentido e minhas noites se tornaram um imenso vazio. Eu tive certeza de que acontecera o que eu queria. Você fora embora. Fazia tempo que não me sentia tão disponível, tão só.

E finalmente, no dia em que eu te deixei partir, me dei conta de que o corpo que residia naquela casa, inundada de lembranças, estava sozinho, porque eu mesma, já tinha ido embora há muito tempo. "



Por Manoela Soares (@manunsoares)

6 de maio de 2011

fora do ar

Ontem saí do compasso. Sabe quando a música toca a sua volta, mas você não tem ritmo para acompanhar? Parece que tudo perdeu o sentido, começou a ficar rápido demais, e te deixou para trás. Por um momento nada fez sentido. Nada. Eu mesma, minhas escolhas, minha vida: por que ando correndo tanto? Tenho lembrado de telefonar para dizer que não esqueci? Tenho dito às pessoas o quanto elas me são importantes? Tenho feito o que eu tenho vontade de fazer? Por que ando tão rápido? Por que não tiro um dia pra encher a casa de flores, para sorrir para todos com quem encontrar, para perguntar coisas que tenho vontade, para falar com quem me falta? Por que a vida vai nos levando? Por que quando olhamos para trás já não temos mais 15 anos? (minha festa não foi agora há pouco?) Alguém pode dizer ao maestro que não estou conseguindo acompanhar os seus passos? Que estou me desdobrando para seguir a letra e que, quando me deito, não vejo tanto sentido nessa correria tanta.

Alguém sabe por onde ficaram meus amigos? Os que estavam ao meu lado agora há pouco e que, de repente, deixaram de fazer parte da minha história? Quantos anos se passaram desde quando?

Alguém sabe por que andamos correndo tanto? Por que começamos a dizer “eu te amo” sem sentir; sem sentido? Alguém sabe quantas quadras ainda faltam e o que vai acontecer quando chegarmos?

De repente recuperei o fôlego, e a minha música começou a tocar. Segui meu passo. Tudo voltou a fazer sentido. Não tinha mais perguntas.

E hoje, aconteceu de novo! De repente, perdi o ritmo. E fiquei com muito mais dúvidas do que certezas.


Por Manoela Soares (@manunsoares)

5 de maio de 2011

Parte da metade

Não queria abandonar o blog logo no segundo dia. mas hoje foi realmente impossível escrever. Posto, então, um texto meu, que escrevi há não sei quantos anos. Espero que gostem. E espero que eu tenha inspiração pra escrever um texto fresquinho amanhã.


"Eu sou uma parte da metade do que resta quando eles vão embora. Eu sou aquela parte que fica com seja lá o que for. Sou a parte que sente, que quer sentir, a parte doída, a parte doente, a parte que fica depois de eles levarem o que havia de bom.

Eu sou a parte que aprende a metade do que eles sabem ensinar. O resto eu deixo comigo: com o resto da minha parte e minha metade de aprender. Fui eu que me fiz assim: parte da parte daquela metade. Metade de tudo o que há. Metade de tudo o que vem.

Eu sou a parte que contagia, que ri do que acontece e a outra parte é isso também. Por isso consigo ser a metade humana de sentimentos materializados na forma de mim mesma.

Eu sou parte da metade do amor e nem sei como decifra-lo, mas seguirei sendo sua parte.

Eu sou parte da culpa das coisas que não deram certo. Daquele que não me quis, daquele que não me viu, daquele que não acreditou que eu poderia chegar. Por isso sou também parte da metade de minha vitória, do meu orgulho, da importância que dou a minha reputação.

Eu sou apenas parte da metade da felicidade mesmo sabendo que deveria ser completa, mas não sou porque também sou todas as outras coisas.

Eu sou parte do egoísmo que há entre as metades. Sou parte da metade da esperança que é dilacerada ainda mais pela metade, quebrando sua essência pelas beiradas, com toda a fome de vida que vejo na rua. Parte do ódio que está espalhado, mas sou a parte que insiste em dizer que não o sente, porque ele faz parte da mesma metade das mentiras que eu tenho que contar para dizer que ele não existe em mim.

Eu nunca serei inteira. Não serei mais feliz ou mais triste, me conservarei assim, pois é exatamente o que eu deveria ser: uma parte da metade."


Por Manoela Soares (@manunsoares)

4 de maio de 2011

Minha amiga

Ela precisava de um motivo;

e ela tinha todos os motivos.

Todos os motivos para brilhar;

Todos os motivos para escrever;

Todos os motivos para ser feliz;

Todos os motivos para chorar;

Todos os motivos para manter aceso aquilo que nela a fazia única;

Todos e indispensáveis motivos para não deixar de ser ela mesma;

Motivos para ser Manoela Soares.

O meu motivo é ter motivos pra te ter aqui, e isso não tinha como ser diferente.

Sucesso gorda!


Por Amanda Rodrigues (@amandarodrigues)

Foi assim ...

Manu diz:
tem um que tá disponivel
@amandarodrigues diz:
?
Manu diz:
o que tu acha
'motivo para escrever'
@amandarodrigues diz:
acho bom
Manu diz:
+- pelo jeito
@amandarodrigues diz:
nao
acho bom mesmo
Manu diz:
é?
@amandarodrigues diz:
siim eu gosto
'coisas que eu sei'
Manu diz:
não tá disponível
mas eu gostei do motivo pra escrever
que tal?
@amandarodrigues diz:
eu adorei
Manu diz:
então vou fazer
@amandarodrigues diz:
meu sorrisou até brulhou
IUAEHUIAEHOIEUAHU
Manu diz:
tu me ajuda no design dele?
@amandarodrigues diz:
ajudo sim
Manu diz:
ok, obrigada minha publicitária preferida!


E foi assim que começou, mesmo não sendo a primeira opção.
Não preciso de prioridades, apenas de motivos. Para continuar sorrindo para continuar amando, para continuar apaixonada.
Motivos que me façam acordar de manhã com vontade de trabalhar.
Motivos que me façam escolher os amigos certos.
Motivos que me façam uma pessoa melhor.
Preciso de motivos para muitas coisas, e nesse momento, preciso de motivos pra escrever.
Alguém me ajuda?


Por Manoela Soares (@manunsoares)